domingo, 27 de dezembro de 2009

Amoroína


Te encontrei por acaso
Meu você, meio a mim, meio nós
Te achei a princípio descartável
Te achei distante e superlativo
Nem queria te experimentar
Mas olhei ao redor
Te senti em teu chamado
Me doei em tua vontade
Te provei e só daí percebi meu pecado
Era perfeito
Cada gota coloria a espera
Cada figura tatuava em mim a vontade
Me inebriava em teu sorriso
Me viciava em você
E cada prova me deixava marcas
E as marcas se tornavam eternas
Mas eu precisava de mais
E tinha somente metade
Me achava em tua procura
Era necessária a tua dose
Bendito sejam os avisos
E as janelas quando se fecham as portas
Minha razão te venceu
No jogo perigoso que se formava
Enquanto as portas se fechavam
Meu tormento sobre a mesa
Me criava a certeza da ação
Como posso fazer para desaparecer?
Então de um gesto vazio
E cheio de coragem
Mesmo precisando fatalmente
Te lançei no meu abismo
Não pra te esqueçer
Mas pra te matar quanto a vício
E te criar como deve ser.


Stefano Machado entrando em luto.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Carta a um suicida


Entornada em ópio e veneno
vem bela e sutil, como as flanelas angelicais
Retira de mim tua causa
Retira de mim tua mancha
Teu sangue de fogo e dor
Retira teu ódio
Retira de mim teu calor
Retira de mim todos os grãos de areia da ampulheta de minha vida
Como a dama da meia noite
A bailarina alada do fosso
O arauto da boa nova em assassinatos de esperança
Olhe o tic tac do tempo
Sois sozinhas em teu manto
Mas casada com o tempo
Ó senhora dos templos
Ó nome sinonímio de desgraça
Me desmanche em horas ardis
Mas não me deixas escolher o beijo da morte.


Stefano Machado tão perto dela em outros.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Forasteiro...




Os milhões de nomes que te chamam perecem
As milhões de formas que se encaixam não te cabem
As bilhões de pessoas do mundo não te sosiam
Os quatro cantos da terra não te abrigam
As maravilhas do mundo não te igualham
As piores desgraças não me admiram tanto quanto
Vozes, vozes, vozes...
Eis me aqui receptáculo de sua essência
Eis me aqui vazio, mas atrevido
Eis me aqui nas terras alheias te provando um abrigo onde o mundo te estrangeiriza.




Stefano Machado tentando compreender

Convergências




















O homem é o narrador de várias histórias numa só...


























Stefano Machado entre lâmina e a pedra

Reações Infantis em Ourobouros


Eis me
Sou madrugada
Sem nome
Sem nada
Da dormência de tuas vontades me fiz assim
Da dor de teu talvez me fiz dor
Uma única centelha de calor
Resto inflável de luxúria
Acalento teu prazer?
Sou a cara se queres cara
Sou coroa se queres coroa
Sou motivo se queres viver
Uma única fagulha de sorriso
Resto dilatável de dissabor
O que faço pra você ouvir?
O que faço pra você sentir?
O que faço pra me encontrar em você?
Enxergo em meu reflexo a piedade contra eu mesmo
São tantos nomes em minha cabeça
Mas em minha boca o seu torna-se autômato
Um robô incontrolável de só coração
Por que não pedes que prove?
Por que não ouves o que digo?
Se me jogo entre as pedras
Me escorro em puro escárnio
Me sangro, me fago
Sou teu complexo de ourobouros
E no caos interminável do limbo
Ainda te completo em minha decadência
Escravo sem fim do teu (meu) declínio
Vais me deixar viver?
Ou vais me amar?

(Stefano Machado) Condensando a dor